28 de fevereiro de 2010

Nozovido

Nesta coluna, vamos postar resenhas sobre o que a galera de Macapá ouve de alto e bom som. Quem quiser colaborar, manda o texto pro email: nortesou@gmail.com
Quem estréia o Nozovido é Felipe Façanha, com um texto sobre blues.


O Blues e o Rei
          Uma das grandes felicidades que eu tive nesses últimos anos foi buscar conhecer mais sobre o Blues.  Até então só conhecia o básico como:  BB King e Eric Clapton. Foi mais por curiosidade que comecei uma busca meio que sozinho, pois é difícil conhecer alguém em nossa “pequena grande Macapá” que goste e entenda de fato sobre Blues. 
Então fui à luta e procurei fazer download, ler historia e conhecer as grandes figuras desse estilo que sem duvida é a base de toda música que existe hoje na mídia como Rock and Roll, Jazz, Grunge, Pop, Folk, Reggae, Hip Hop, Soul, Groove... Enfim, muitos foram influenciados ou criados de forma direta ou indireta pelo surgimento do Blues. 
Criado por escravos sem nenhum tipo de conhecimentos musical lá pelos anos de 1900 ou até mesmo bem antes disso, o Blues é um estilo que com o tempo foi gerando mudanças e ganhando novas nomenclaturas que se diferenciam musicalmente.
O primeiro de todos foi o Blues de Raiz que basicamente era um jogo de perguntas e respostas feito nos campos de algodão pelos escravos sem nenhum tipo de instrumento apenas com suas vozes de timbres marcantes. O Delta Blues já veio ter uso de instrumentos como violão e gaita de boca e o mesmo era tocado tanto em igrejas quanto em prostíbulos. Chicago Blues um estilo proporcionado pela imigração dos bluesman para as grandes cidades do Texas e possibilitado pela energia elétrica a qual os músicos do blues não tinham na zona rural e entrando ai novos instrumentos e outra cara para o Blues. Nos aos 40 também surgiu à existência do Jump Blues que por ser um estilo mais acelerado e animado e dançante, proporcionou a criação do Rockabilly e posteriormente o Rock and roll e muitas outras coisas existentes hoje.
        
Para entender mais a importância do Blues e a minha admiração pelo mesmo, vou falar de um jovem, e vou contar um pouco de sua historia e de suas lendas. Um cara que virou a maior lenda do Blues e sem duvidas é o Rei do estilo, quero fazer isso porque vejo que hoje esta no esquecimento de muitos, os seus feitos (mais isso, irei falar posteriormente), não serei eu que irar lembrar por meio desse texto que mais é um peteleco sobre a historia de um gigante da música, mas espero que com esse texto nem eu mesmo esqueça do Rei Robert Johnson.

Robert Johnson, nascido em 8 de maio de 1911 em Hazlehurst, Mississippi, foi 11° filho de Julia Majjor Doddsu de um relacionamento extra-conjugal. Começou a se interessar pela música na adolescência quando teve contato com uma harmônica “jaw harp” que no Brasil pouco se conhece, mas se dão vários nomes como Harpa de boca, Berimbau de Boca e Berimboca. Primeiro contarei a história dele por meio dos mitos e lendas gerado em sua vida e em seguida vou por os fatos.  

A LENDA
           Robert Johnson já um músico conhecido pelos melhores bluesman da época, ficava por lá tocando sua gaita de boca como ninguém, e certa vez o Son House, um grande nome do Blues e o maior responsável pelos mitos e lendas de Johnson, falou que Robert tocava muito bem a gaita, mas o ele queria mesmo era tocar violão, e nesse quesito ele era péssimo. 
          Foi então que ele sumiu e ai começam as histórias. Ao sumir durante um tempo em suas andanças Robert Johnson em uma encruzilhada das rodovias 61 e 49 em Clarcksdale, Mississippi vendeu sua alma ao diabo para ter a proeza de tocar violão como ninguem naquela época, como ja disse, essa história foi difundida por Son House e com as letras das músicas que Robert Johnson criava só fez reforçar esses mitos, pois muitas das letras falavam sobre encontros com o cramunhão o que é muito visivel em clássicos como "Crossroads Blues", "Me And The Devil Blues" e "Hellhound On My Trail".  

Certa vez Robert Johnson em um bar começou a surtar dizendo que via e ouvia cães que supostamente eram do demônio, e os mesmos o perceguiam, e por muitas vezes pessoas chegaram a ver Robert uivando como lobo. 

Em 16 de agosto de 1938 o corpo de Robert Johnson foi achado. Estava afogado em seu próprio sangue, uns dizem que foi o Diabo com seus cachorros que veio busca-lo cobrando assim seu pacto, outros dizem que foi morto por envenenamento, e até mesmo esfaqueado.
          
O FATO
Não se sabe de fato o que fez Robert Johnson ao sumir, se vendeu ou não a alma ao diabo, isso vai mais pelo que você acredita, mas, se sabe que ele voltou com uma técnica impressionante no violão usando coisas que nunca tinham sido exploradas antes por ninguém, empregando mais técnica, riffs mais elaborados e maior ênfase no uso das cordas graves para criar um ritmo regular. Em toda sua vida ele compôs e gravou apenas 29 musicas, e foi o suficiente para ser o que é hoje. Morreu na data de 16 de agosto de 1938, sua morte de fato ocorreu por uma tentativa de envenenamento por um dono de uma bar com ciúmes de sua mulher. Robert conseguiu se salvar do envenenamento, porém ficou com a imunidade muito baixa e 3 meses depois pegou pneumonia e acabou entrando em óbito aos 27 anos de idade.

Pois bem, o que pretendo com tudo isso? Simples, vejo a cena Amapaense de rock e de outras estilos, e me entristeço com o fato de que, muitos músicos não se interessam pelo Blues ou outros estilos tão extraordinários que existem. Como disse antes,  muitas coisas caem no esquecimento e se deixam perder por lixos musicais que aparecem a cada dia pela fresta de nossas janelas. Queria ver sim um dia uma banda de Blues rolando nas noites amapaenses, sair de casa e ter gosto de escutar um som dessa qualidade, aplaudo de pé o primeiro que fizer isso.

Outra coisa que quero por em pauta nesse texto é a música amapaense. Ela tem um identidade tão grande e bonita, assim como os escravos do Mississippi tinham. Pensando nisso, cada vez mais vejo pouco disso nas bandas aqui em Macapá, uma identidade própria da cultural do nosso Estado.

 Quando bandas daqui saem para tocar fora, seria interessante buscar levar um pouco da cara desse estado e não apenas uma bandeira. E também eu não me refiro ao Brega, até por que brega de fato não é do Amapá, e o Marabaixo esta ai quase intocado, da forma mais pura, por que não meter um turbo nele e ver aonde chega? Eu não quero limitar minhas palavras apenas para o campo musical, mas temos ai campos como a literatura, artes plásticas, arquitetura, artes cênicas... E que todas essas podem ter a cara, o corpo e alma da verdadeira beleza desse Estado e não apenas um esboços de nossa arte que exitem hoje, mas a arte de “quadro cheio”.  

Colababorador : Felipe Façanha ( "filho"  do Município de Oiapoque- AP)

6 comentários:

Elton Tavares disse...

Égua Felipe, muito bom! Surpreendente. Continue escrevendo. Abraço!

Felipe Façanha disse...

Valeu Elton, continuarei escrevendo sim, gostei da idéia desse Blog, parabéns pela iniciativa.

Search Grunge disse...

Sem corretor ortográfico do Word Felipe? =O huahaua...
Ficou muito bacana esse texto, eu já li algumas coisas e curiosidades sobre o Robert Johnson, mas não o conheço tão profundamente como descrito por ti, e tem tantos outros estilos e caras que merecem nossa busca por um conhecimento mais amplo, mas infelizmente a maioria dos "menininhos" só querem saber das "coisas modernas" de hoje, e deixam as influências e os fatos marcantes da música de lado, eh uma pena. Parabéns, abraço!

Joel.

Descendo o Saravá disse...

ê orgulho da dona nita aheuaseha
ta firme o texto muleque,nem parece teu.

Anônimo disse...

Ahhh, o glorioso blues!
Escutar blues não é simplesmente escutar uma música, é quase um estado de Nirvana, um estilo que vai na alma!

Como disse o Felipe, eu aplaudiria de pé uma banda que tocasse um bom blues. Eu mesmo gostaria de tocar, mas não conheço ninguém que toque e goste de blues.

Parabéns Felipe, o texto tá ótimo.

Douglas Benitez

Felipe Façanha disse...

Pois é douglas, tenho vontade de ter uma banda de blues tambem, to começando a aprender um instrumento ai e já canto um pouco (me viro né), qualquer coisa um dia a gente monta esse projeto ai cara... não custa nada tentar... e valeu .. que bom que estão gostando do texto e do blog.. ta tudo muito legal...