2 de janeiro de 2012

Indico - Mary & Max, uma história diferente.



Um filme Australiano (2009) de animação adulta produzido em stop-motion (fotografado quadro por quadro) escrito e dirigido por Adam Eliot, um autor, que em seus trabalhos retrata os fatos reais com uma pegada simples e direta, realizando assim, um trabalho psicológico com o telespectador que fica a analisar os problemas e as coisas boas que vão acontecendo em nossas vidas, e como nós lidamos com tudo isso, ou seja, “o mundo como ele realmente é!”
Durante todo o longa metragem a fotografia usada, propositalmente, é a sépia e o preto e branco (P&B) que passam um mensagem e um visual depressivos. A sensação de assistir este filme é mais como se estivéssemos lendo um livro, pois não acontecem muitas coisas, não tem essência de desenho animado, mesmo por ser uma animação feita com massinha é mais para uma “desanimação” (assim como os críticos costumam dizer), e isso enche o cenário de dúvidas e dor. O filme conta a história de dois personagens que por ironia da vida são extremamente solitários, moram em cidades diferentes e tem diferença de idade gritante, mas acabam se tornando melhores amigos.
Mary Daisy Dinkle (dublada por Toni Collette, para quem, lembra é a Pequena Miss Sunshine) é uma jovem garotinha de apenas 8 anos, australiana e que tinha várias dúvidas  com relação a vida, mas suas dúvidas eram quase todas por causa de sua pouca idade e de respostas mal respondidas à garotinha. Então ela resolve procurar um endereço aleatoriamente na lista telefônica com intuito de responder sua dúvida, e o escolhido foi o endereço do nova-iorquino Max Jerry Horowitz (Philip Seymour Hoffman do filme Capote) de 44 anos, daí em diante o que inicia toda historia desses dois personagens é a pergunta de Mary: “De onde vêm os bebês nos Estados Unidos?” E a garota escreve uma carta falando de sua dúvida, fala um pouco de sua vida juntamente com a carta, alguns desenhos e uma barra de chocolate.
Esse é o inicio de um enorme discurso filosófico sobre temas como religião, vida familiar, vida em sociedade, sexo, distúrbios mentais como a síndrome de asperger, bullying, amor, confiança e, principalmente, a importância e o significado da amizade. Retrata também, como as idéias brilhantes surgem no decorrer da historia de vida das pessoas e como elas acabam se tornando irrelevantes e são trocadas por outras idéias ou simplesmente abandonadas. E assim vai a história com um vazio, uma monotonia que acaba tornando-se instigante no cenário perturbador da falta de cores.
 Um filme que vale a pena assistir, porém o telespectador deve estar disposto a ser racional o bastante, para interagir com a críticidade exposta neste vídeo, e completar com mais idéias a respeito. Além dos temas transversais já relatados, também chama atenção essa troca de correspondências que ocorre durante todo o filme, Elliot trata de um assunto pouco comentado que são os "pen pals", o mesmo que amigos de correspondência, isso lembra essa difusão de comunicação existente hoje em dia com o avanço da internet, redes sociais e mensagens instantâneas. É importante lembrar que os amigos de correspondência queimam suas cartas quando a amizade acaba, assim como na internet onde você pode usar os blocks e os deletes par pôr fim a comunicação.
O diálogo do filme é excelente, daqueles onde vocês podem roubar quase todas as frases colar no bloco de notas e ficar lendo toda vez que precisar de uma injeção de realidade. Por isso separei duas que resume em poucas palavras o que conta esse filme magnífico: “A vida de todo mundo é como uma longa calçada. Algumas são bem pavimentadas, outras, têm fendas, cascas de banana e bitucas de cigarro.” A outra é “Deus nos dá familiares. Ainda bem que podemos escolher nossos amigos”. ;)



Aline Vanessa

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