31 de janeiro de 2012

Rasgando a película



Toy Story 3 

A Pixar é corajosa ao explorar temas um tanto pesados para o seu público. Ratatouille mostrou animais mortos. Up- altas aventuras fala sobre morte. Só que tudo no seu contexto, introduzindo suas mensagens para as crianças de forma adequada. Só para comparar com um filme inadequado para crianças, eu me lembro de Um faz de conta que acontece, um típico filme de Adam Sandler, cheio de referências e apelos sexuais. Por isso, esse tato em saber como explorar temas sombrios eleva os filmes da Pixar do restante de material feito para as crianças.

E chegamos na nova obra-prima da Pixar: Toy Story 3. Cada Toy Story é uma obra belíssima, empolgante, divertida, e um tanto melancólica. Nesse último, Andy já está adulto, e seus brinquedos, há muito tempo esquecidos, sentem-se sem qualquer propósito. 

Por isso, mesmo tristes por terem que abandonar seu dono (a ligação do brinquedo com seu dono é algo extremamente importante), empolgam-se com a ida para uma creche (mesmo que tenha sido por engano, já que eles queriam ir para o sótão de Andy), porque sabem que irão brincar com várias crianças. O problema é que a creche revela ter perigos que eles nem imaginavam. O boneco Woody se perde pelo caminho, e precisa liderá-los para se libertarem da exploração dos brinquedos vilões na creche. 

O filme merece bastante crédito aqui, porque lida com temas tão básicos, como a injustiça e a exploração, numa linguagem que crianças ente ndam. Também nos permite entender as motivações de seu vilão, quando um palhaço bastante sério explica o que ocorreu para Woody. Existe nesse momento um bacana efeito de montagem, entre a narração desse palhaço e suas memórias. E Toy Story 3 é um filme de ação, desde a fuga dos bonecos da creche até a cena do Lixão, que é bastante emocionante. Não estamos preparados para o final no Lixão. O choro começa porque o destino que se revela para os brinquedos é inaceitável! E a forma como eles aceitam e enfrentam aquilo que os espera é de comover qualquer um.

Não deixa de ser importante também que, além de uma ação empolgante e emocionalmente rico, cada episódio, mesmo tendo sua própria história, é uma continuação do anterior em todos os sentidos, em arcos dramáticos que sempre se enriquecem, não servindo apenas como "mais um" filme dessa franquia. Se terminarem nesses três filmes, podemos ter certeza do grande presente que a Pixar nos ofereceu.

Fabricio Paes Coelho

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