16 de fevereiro de 2012

Rasgando a película


Falcão negro em perigo 


Problemático como narrativa e, sinceramente, imoral em sua ideologia, Falcão negro em perigo só se salva (e olhe lá) porque é um filme de com uma muito boa ação e tecnicamente eficiente. Fora isso, é pura propaganda para tentar validar, a um grande público, o imperialismo norte-americano e suas guerras em outros países.

A história (real) é a seguinte: manobra militar dos EUA na Somália acaba sendo um erro operacional, logo dois Falcão negro são abatidos e soldados americanos tem que se proteger contra uma multidão de guerrilheiros. Bem básico, nada complexo, difícil de compreender, etc. Quando os soldados entram na zona de guerra (por subestimarem os somalis), o filme apresenta uma contínua sessão de tiroteios e ação, que a partir desse ponto tem pouquíssimas pausas. Com o constante uso das câmeras "na mão", a valorização dos sons secos nos tiroteios, as mudanças na luminosidade, uma angustiante "operação" na perna de um soldado, e na parte da noite um tiroteio que acaba sendo um verdadeiro "sprint", Falcão... é incrivelmente realista e sangrento, como se o espectador estivesse dentro da zona de combate.

Longe de ser relevante para se discutir "a guerra", pelo contrário, sua visão à favor das intervenções americanas em outros países, o retrato dos terríveis somalis em contraste com os soldados idealistas, a irritante frase "ninguém será deixado para trás" transformam o filme em propaganda chata (e coloque aí um protagonista inexpressivo). Ora, qual é o preço pra que ninguém fique para trás? A vida dos somalis, que, para os EUA, não é nada. Nos créditos, os nomes dos soldados americanos mortos em combate são mostrados, enquanto que a morte dos somalis é apenas um número.

E a sua qualidade gera o problema maior: Ridley Scott é extremamente talentoso, o problema não é a direção. Ao valor izar a adrenalina que inevitavelmente ocorre nessas situações, somos quase que anestesiados diante dos problemas criados pelos americanos, e da sua ideologia errada. Estamos confortáveis na segurança do cinema, de nossa casa, curtindo um filme de ação, e esquecemos que, na vida real, a vida daquelas pessoas é bem diferente.

Fabrício Paes Coelho

Um comentário:

André disse...

as vezes só o entretenimento basta para se fazer um bom filme... gosto mto desse filme, acho que tem grandes atores em ótimas atuações como o Eric Bana... acho a forma q a filmagem foi feita muito parecida com os primeiros minutos do resgate do soldado ryan só q o ridley scott aproveitou mais essa tecnologia da câmera tremida e manteve o foco nos combates... dá a impressão de q estamos lá no meio, enfim... é um filme de guerra não tem mto o q discutir a onda é matar o inimigo e protejer os amigos... aliás, a impressão q dá é q nesse filme morre mais pretinho do q judeu na segunda guerra.