Criativas Criaturas #7

Charges, caricaturas, cartuns... Poucos trabalhos conseguem despertar reflexão e riso com tanta desenvoltura. Um determinado assunto pode até ficar mais interessante se visto como sátira em algum jornal, por exemplo. Ou um sujeito qualquer tendo suas características físicas marcantes ganhando um zoom imódico num desenho, e assim por diante. 

Sem dúvidas são atividades especiais, e a maioria das pessoas se encanta com toda essa brincadeira. Mas repare, pra ser bom nesse ramo só tendo jeito pra coisa. E isso o cartunista Ronaldo Rony revela ter bastante.

Breve História

Ronaldo Augusto Moreira Rodrigues, 46 anos e, segundo ele, nenhum problema resolvido, sequer colocado.  Nasceu em Curuçá/PA, viveu muitos anos em Belém e hoje reside em Macapá. “Por causa dessas três cidades me tornei ‘amaparaense’. Sou índio, ribeirinho e suburbano. Marambaia sempre!” diz.

Entre varias capacidades, Ronaldo atua também como escritor, redator publicitário, contista, poeta, letrista e “uma porção de outras coisas que não dá grana” ressalta.

Sem passar despercebido, já lançou três livros: Ícaro, Liberdade Ainda que Nunca! (quadrinhos), A Chave da Porta da Poesia (literatura infantil para todas as idades, parceria com Roseli Sousa, poeta de Belém) e Papo Casal (cartuns sobre situações amorosas). Além disso, alguns Fanzines: 'Pai d’Égua!, Humor Sapiens, Gilete no Pulso!, Feliz Natal é o Caralho!, Rob Humilde, Ocrides em Odeio Pizza, Os Coisas, Capitão Açaí, Vertigem e muitos outros.

Valendo para relacionar e separar suas funções, o capricorniano diz que é Ronaldo Rony quando desenha, e Ronaldo Rodrigues quando escreve... “Isso é um folclore, um pequeno mito que criei pra mim. Afinal, eu vim para semear a dúvida!”.

Pra complementar, tem algumas participações em salões de humor, lá por: Piracicaba, Pernambuco, Bahia, Ceará, Volta Redonda, Campina Grande, Uruguai e ex-Iugoslávia.

Olha só:

Criatura

 Suicídio na Lua 

                                                                                                                   

“Creio que, ou os trabalhos se explicam por si ou não se explicam nunca. Nos trabalhos tive a colaboração de Adauto Brito na colorização”.

Auto- Ronaldo?

Não me defino. Espero que alguém possa fazer isso um dia, quando eu me tornar um autor estudado nas universidades (risos). Com relação ao meu trabalho de cartunista, tento ser o mais econômico possível, isto é: dizer o máximo com o mínimo de desenho. Espero sempre que a situação que estou retratando se defina com poucos elementos gráficos. Por exemplo, dificilmente desenho cenário. Muitas vezes a piada está na fala de dois personagens largados no papel. Tento fazer um humor que seja um comentário mais abrangente possível sobre determinado assunto.

Cabeça ferve de ideias quando?

Meu material nasce do cotidiano, da observação do que acontece com o ser humano diariamente, mas que passa despercebido. Tirar a situação de humor de uma coisa que parece banal. Ou seja: o que faz minha cabeça ferver de ideias é justamente o que a maioria das pessoas não detecta e está bem na frente dos nossos narizes. Até o mau-humor pode desencadear uma situação de bom humor.

Aperta o olho quando?

Quando estou sem óculos (risos). Acho que já respondi a cima esta pergunta. Aperto o olho quando vejo alguma coisa que faz parte do dia a dia, que está na cara, mas pouca gente percebe.

Cara feia para?

Para jornais, revistas ou outro tipo de publicação que mostra o trabalho de alguém sem o devido crédito ao autor.

Info- Bônus?

Preciso dizer que o cartunista é o cara que não aprendeu a desenhar direito. Aí ele faz de suas limitações no desenho o seu estilo. Claro que há cartunistas que desenham muito bem e ainda há que se considerar o texto, a ideia que dá suporte ao desenho. Não adianta ter um desenho muito bom se a ideia for fraca. Cartunista é o artista que fala sério brincando, enquanto a maioria das pessoas brinca de falar sério.

Facebook: Ronaldo Rodrigues Ronaldo Rony

Por Elisama Jamilie