14 de janeiro de 2013

Timbres que encantam #II: Carol Pessoa, simplesmente Dama de Preto.


E continua em 2013 a busca do ESN por vozes que nos transcendam... E com essa procura (que julgamos ser um tanto fácil, visto que o Amapá está muito bem servido de lindíssimos timbres) nos deparamos com o talento de uma das figuras mais representativas na cena rocker do Estado, uma pin up do século XXI com ares de goticismo: Carol Pessoa.

Sua trajetória se mistura perfeitamente com o avanço da cena local e com as histórias de outras grandes vozes que exaltaram (ou ainda exaltam) o poder do rock n’roll. Mas o ESN foi a fundo e atinou para grandes feitos dentro desse caminho da vida musical de Carol.

Ela é a típica filha caçula, a mais nova de uma família formada por mais dois irmão músicos... E obviamente por influência deles começou a dar seus primeiros passos, isso com apenas 13 anos, vivenciando a música dentro de um dos lugares formadores de grandes músicos: A igreja.  E nesse universo extremamente sonoro contou com “aquela” ajuda clássica de toda banda: A ajuda do pai. Carol confessa “Meu pai resolveu ‘adotar’ uma banda que precisava de apoio para gravar um CD, fui crescendo naquele meio vendo músicos e cantores passando pela minha casa, ouvia quieta e tentava imitar depois, percebi que quando eu cantava perdia todos os meus medos, vergonhas e complexos”.

Charlotte, no clássico "Projeto Escadaria"
No ambiente escolar Carol também começou a participar de festivais que revelavam talentos, e com isso foi se apegando cada vez mais ao magnetismo que o palco exerce sobre os corpos dos artistas. Mas, somente aos 18 anos que surgiu a oportunidade de fazer parte de uma verdadeira banda de rock. Meados de 2005, no auge do “boom” do New Metal, Carol se tornou integrante de uma das bandas mais vivas em minha memória: Charlotte, formada quase que inteiramente por meninas. Elas levavam um repertório cover da banda canadense Kittie. A banda resistiu por pouco mais de um ano.

Stand By
Logo após o término da Charlotte, a “Boneca Gótica” (pseudônimo de Carol na época) continuou no meio underground, desta vez dividindo os vocais com Wander Maia (ex-SPS12) na banda Stand By em 2006, porém sua permanência na banda foi passageira, em torno de cinco meses. Também fazendo outra passagem curta no mesmo ano entrou para a banda N.D.A, tendo destaque na 1ª edição do Grito Rock Amapá e Expofeira.

N.D.A
Depois dessas curtas temporadas em três bandas Carol ficou imersa em outras partes da sua vida. Ficando cinco longos anos sem mostrar sua voz em qualquer banda, mas sempre com o pensamento fixo em um dia montar algo que pudesse suprir todas suas necessidades musicais. Daí em 2011, após uma conversa com Orielson Pantoja surgiu à ideia de montar um projeto que tivesse a cara da nova cena... Então surgiu a DAMA DE PRETO, nome traduzido da canção “Lady in Black” da banda italiana Theatre des Vampires.


Na DAMA DE PRETO Carol Pessoa mostra 
sua liderança e potencia digna da mezzo soprano que é. A banda segue um repertório que bebe em fontes variadas dentro do rock... De Marilyn Manson à Madame Saatan (um dos ícones do rock no Pará). Há quem diga que nomes como Lady Gaga e The Cranberries não podem ser levados em consideração dentro do cenário rock/metal... Mas, Carol mostrou que se pode “bater cabeça” ao som de “Bad Romance” e “Zombie”.

A DAMA DE PRETO é formada por: Orielson na primeira guitarra, Alan Nogueira na segunda, Allan Bacelar no contrabaixo, Paulo Carvalho na bateria e Carol Pessoa no vocal (é lógico).
Além de sua atuação na DAMA DE PRETO, Carol também coordena a equipe de Comunicação do Movimento Cultural Liberdade ao Rock, responsável por fomentar a cena local, incentivando e dando oportunidade para bandas não tem espaço para mostrar seu trabalho.
O ESN fez uma breve entrevista com Carol Pessoa, onde ela pontua questões importantes dentro da cena:
ESN: Carol, qual é a representatividade das outras mulheres a frente de bandas dentro da cena local?
CAROL: “Hoje é muito forte, temos várias bandas como a Hidrah, Mysterial... Tenho a árdua missão de liderar Equipe de Comunicação do Movimento Liberdade ao Rock, minha contribuição como jornalista para a cena local. Quando eu comecei lá na Charlotte em 2005, os caras iam pro nosso show só para criticar e chamar de ‘gostosa’, a mulher sempre ‘coisificada’(a mulher no metal era motivo de piada) tinha também a Sezafine a primeira banda da minha amiga Hanna Paulino, hoje a expressão do metal feminino no Amapá. Até Charlotte foi única banda de metal (até hoje composta por 90% de mulheres). Não poderia deixar de citar a banda Drops Heroína liderada por Rebecca Braga, que foi a primeira banda feminina de rock do estado. Eu era super fã delas, tinha uns 12 anos na época e lembro bem como meus olhos brilhavam quando assistia a uma apresentação delas, de certa forma isso até me incentivou a cantar rock. Que surjam mais bandas com mulheres, seja à frente como vocalista ou tocando algum instrumento. Tenho certeza que temos muitos talentos por ai escondidos só precisando de um empurrão básico”.
ESN: É sabido que o rock ainda é um meio um tanto “machista”. Existem dificuldades em uma mulher se inserir na cena?
CAROL: “A mulher é discriminada em todos os meios, no rock não podia ser diferente. É tudo uma questão de conquista, pois, até um dia desses os palcos rock/metal eram composto somente por homens, e às vezes ainda rola um ou outro que puxa aquele ‘gostosa’ como se a mulher estivesse no palco somente para sensualizar e não para mostrar talento e atitude. Sinto-me muito feliz quando alguém vem elogiar o meu trabalho e deixa esse tipo de comentários ‘machistas’ de lado”.
ESN: Todos os músicos querem expor um diferencial dentro de suas apresentações/composições. Qual seria o da DAMA DE PRETO?
CAROL: “A proposta autoral da Dama de Preto ainda está em processo de amadurecimento. Tivemos mudanças de músicos em julho e ainda estamos pegando o pique da primeira formação, mas da pra antecipar que é criar um estilo entre o new e pegadas de heavy metal. Na banda cada um tem uma influencia diferente, então vamos tentar mesclar tudo isso e vê no que vai dar”.
Em 2013, Carol Pessoa, juntamente com a DAMA DE PRETO, promete dar inicio a produção do trabalho autoral e seguir agregando valor à cena rock/metal do Amapá.  “Sei que ainda é só o começo de um sonho, mas pretendo gravar minhas músicas autorais e conquistar o respeito de quem critica meu trabalho sem ao menos o conhecer” finaliza Carol.
DAMA DE PRETO no movimento Liberdade ao Rock

Para quem ainda não conhece o digno trabalho da DAMA DE PRETO é só acessar a fan page no Facebook... Lá são postadas todas as novidades e desdobramentos da banda no movimento underground local.
Hanna Paulino

Um comentário:

Anônimo disse...

Adorei a matéria! E me sinto muito honrada por ter sido escolhida. Quero agradecer o carinho com o meu trabalho e dizer a dona Hanna Paulino ( é uma perfeita jornalista) e deve seguir nesse meio, porque a matéria ficou perfeita e bem escrita.
By: CAROL PESSOA