Artista realizou protesto na Av. Pará, em Macapá (Foto: Joca Monteiro/Arquivo Pessoal)
“Quem sabe eu me lembre disso tudo, pois nem tudo que escrevo gosto de
contar (...). Quem sabe, talvez, um dia na Baixada Pará”. Com um poema
de cinco estrofes, flores e caracterizado como um palhaço, o artista
amapaense Joca Monteiro, de 33 anos, resolveu expor a revolta que sente
toda vez que caminha na Av. Pará, no bairro Pacoval, Zona Norte de Macapá,
região onde mora desde criança. A via está intrafegável por causa dos
buracos e das grandes poças de lama que impedem a passagem de carros e
limitam os espaços para os pedestres.
No poema, compartilhado pelo artista no Facebook, ele descreve de forma
descontraída e nostálgica o que passou durante toda a vida no local,
fazendo referência às brincadeiras e às situações que viveu. Joca é
integrante do grupo de teatro Eureca, sediado na via, e revelou que
depois de tantas reivindicações sérias por melhorias, ele resolveu usar o
talento e o humor para fazer com que a comunidade seja ouvida.
Joca diz que protestos 'sérios' não deram resultados (Foto: Joca Monteiro/Arquivo Pessoal)
“Depois de tantos protestos e nada sendo feito, a Av. Pará está pior a
cada dia, prejudicando a nós, artistas do grupo, e as crianças que
participam de atividades, como teatro e leitura. Juntos, achamos que uma
boa forma de protestar seria com a nossa arte. Nasci aqui, e não quero
que a minha filha cresça e viva nessa situação”, contou.
O artista revela que não tem intenção de sair do local, e expressa esse
sentimento no trecho “aqui na lama eu pretendo recomeçar”, no início do
poema. Em outro trecho também ironiza as promessas para revitalização
da via feitas normalmente em períodos eleitorais, segundo ele: “como
humilhavam também as bandeirolas coloridas que todos os anos invadiam
nossa rua e nossas pontes prometendo mundos e fundos e um monte de blá
blá blá”, escreveu Joca, não descartando a possibilidade de realizar
outros protestos semelhantes na rua.
O G1 procurou a Secretaria Municipal de Obras (Semob)
para esclarecimentos sobre reparos na rua, mas não houve resposta até o
fechamento da reportagem.
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