17 de junho de 2015

Dois mundos paralelos na cultura amapaense





O blog eu sou do Norte tem aproximadamente 5 anos e desde os primeiros posts, quando ainda decidia algumas pautas com meu amigo Elton Tavares (Blog de Rocha!), sempre o nosso debate era basicamente: criarmos um canal para eventos culturais e artistas que não tem espaço na grande mídia. 

 O tempo passou e afirmar que as atividades relacionadas à cultura não evoluíram seria injusto. Evoluíram sim, é notável, felizmente. Mas ontem, ao conversar com uma pessoa que faz parte do ativismo cultural da cidade, notei o quão paralelos são os mundos da cultura amapaense “pop” e independente. Foi um pouco chocante, pois ao conversamos, a pessoa afirmou: “Infelizmente, pouquíssimos  artistas que conseguem repercussão fora do Estado, pouquíssimos tem cd´s gravados”. E tal afirmação me levou a falar de gama de bandas, cantoras e outros artistas que já possuem prestigio fora de Macapá e a “grande” massa não sabe. Desconhece o talento da própria terra, a não ser que seja o velho regional. 

Ele também ficou chocado. Deduzi que ele se perguntou: “Como eu não sei disso?”. 

Não tivemos oportunidade de alongar a conversa, ambos estávamos com pressa. Mas, se a dedução foi correta, o que eu poderia responder é: 

A maioria das pessoas só valoriza o regional no sentido literal. Este conceito já deveria ter evoluído, se renovado, porque só o fato de estarmos aqui, morarmos e termos nascido aqui, nos torna regional. Somos da terra, representamos a terra. E o artista que desenvolve seu trabalho sem relacionar sua obra com palavras e ritmos tradicionais, também é regional. Eu lamento por “gestores culturais”  pregarem tais conceitos tão retrógrados. 

O irônico é, que aquele artista dito alternativo, faz questão de conhecer mais da tradição artística regional, e se não faz, deveria. Mas dificilmente vejo um artista renomado da terra demonstrar qualquer respeito pela nova geração que traz um vento novo de sensibilidade e amor pela cidade. 

Vivemos sim no mundo paralelo cultural, um passeio pelos mundos vale. E ninguém sai perdendo e ninguém se perde no mundo alheio. 

Camila K. Ferreira

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