O blog eu sou do Norte tem
aproximadamente 5 anos e desde os primeiros posts, quando ainda decidia algumas
pautas com meu amigo Elton Tavares (Blog de Rocha!), sempre o nosso debate era
basicamente: criarmos um canal para eventos culturais e artistas que não tem
espaço na grande mídia.
O tempo passou e afirmar que as atividades
relacionadas à cultura não evoluíram seria injusto. Evoluíram sim, é notável,
felizmente. Mas ontem, ao conversar com uma pessoa que faz parte do ativismo
cultural da cidade, notei o quão paralelos são os mundos da cultura amapaense “pop”
e independente. Foi um pouco chocante, pois ao conversamos, a pessoa afirmou: “Infelizmente,
pouquíssimos artistas que conseguem repercussão
fora do Estado, pouquíssimos tem cd´s gravados”. E tal afirmação me levou a
falar de gama de bandas, cantoras e outros artistas que já possuem prestigio
fora de Macapá e a “grande” massa não sabe. Desconhece o talento da própria
terra, a não ser que seja o velho regional.
Ele também ficou chocado. Deduzi
que ele se perguntou: “Como eu não sei disso?”.
Não tivemos oportunidade de
alongar a conversa, ambos estávamos com pressa. Mas, se a dedução foi correta,
o que eu poderia responder é:
A maioria das pessoas só valoriza
o regional no sentido literal. Este conceito já deveria ter evoluído, se
renovado, porque só o fato de estarmos aqui, morarmos e termos nascido aqui,
nos torna regional. Somos da terra, representamos a terra. E o artista que
desenvolve seu trabalho sem relacionar sua obra com palavras e ritmos tradicionais,
também é regional. Eu lamento por “gestores culturais” pregarem tais conceitos tão retrógrados.
O irônico é, que aquele artista
dito alternativo, faz questão de conhecer mais da tradição artística regional,
e se não faz, deveria. Mas dificilmente vejo um artista renomado da terra
demonstrar qualquer respeito pela nova geração que traz um vento novo de
sensibilidade e amor pela cidade.
Vivemos sim no mundo paralelo
cultural, um passeio pelos mundos vale. E ninguém sai perdendo e ninguém se
perde no mundo alheio.
Camila K. Ferreira
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