Alessandra Leite
No
período de 4 a 7 de agosto o estado do Amapá recebe a 18ª edição do
Sonora Brasil, projeto promovido pelo Sesc em todo o Brasil, que vai
circular o país no biênio 2015/2016 com os temas “Sonoros Ofícios -
Cantos de Trabalho” e “Violas Brasileiras”.
O
Sonora Brasil tem o propósito de despertar um olhar crítico sobre a
produção e mecanismos de difusão da música no país, incentivando novas
práticas e novos hábitos de apreciação musical, promovendo apresentações
de caráter
essencialmente acústicos, que valorizam a autenticidade sonora das
obras e de seus intérpretes com expressões musicais identificadas com o
desenvolvimento histórico da música no Brasil.
Em
2015 o projeto trás ao Amapá os grupos Destaladeiras de Fumo de
Arapiraca e Mestre Nelson Rosa (AL), Quebradeiras de Coco Babaçu (MA),
Cantadeiras do Sisal Aboiadores de Valente (BA) e o Grupo Ilumiara (MG)
que farão parte do circuito que abrange os municípios de Laranjal do
Jari, Amapá, Mazagão e Macapá com apresentações que este ano seguem a
temática “Cantos de Trabalho”.
Neste
circuito serão apresentados gratuitamente ao público cantos de
trabalho, que ainda é uma prática vigente em alguns estados do Brasil,
concentrados, principalmente, na região Nordeste. Também traz o grupo
Ilumiara, que produz repertórios a partir de pesquisas e apresenta em
seu espetáculo a contextualização histórico-social dos cantos de
trabalho no Brasil.
Em
Macapá as apresentações vão ocorrer sempre ás 19h no auditório da
escola Sesc que fica localizada na rua Jovino Dinoá, Beirol. Já nos
outros municípios as apresentações vão acontecer nas unidades Sesc Ler.
Destaladeiras de Fumo de Arapiraca e Mestre Nelson Rosa (AL)
Grupo
formado por cinco mulheres da região de Sítio Fernandes, município de
Arapiraca, na zona rural do agreste alagoano, e Nelson Rosa, mestre de
coco de roda reconhecido como patrimônio vivo do estado de Alagoas. O
cultivo do fumo foi a principal atividade econômica por mais de cinco
décadas em Arapiraca, as mulheres trabalhavam horas a fio sentadas no
chão nos “salões de fumo”, destalando e selecionando as folhas ao som de
cantigas entoadas para espantar o sono durante as madrugadas. O grupo
traz no repertório, além das canções tradicionalmente entoadas na rotina
laboral da destalação, cantigas de barreiro e tapagens de casa, os
rojões de eito entoados nas tarefas da roça e o pagode, música que
embalava as festas em que a comunidade comemorava o chamado derradeiro
dia de fumo, no encerramento da safra. O grupo é formado por Josefa
Correia Lima dos Santos, Isabel Cipriano dos Santos, Regineide Rosa dos
Santos, Rosália Gomes dos Santos e Rosinalva Farias dos Santos, além de
Mestre Nelson Rosa.
Grupo Ilumiara (MG)
O
Ilumiara é formado por cinco músicos da cidade de Belo Horizonte que
também atuam como pesquisadores, sendo o único dos quatro grupos que não
está relacionado a uma prática da tradição. Além das músicas
apresentadas, o grupo traz em seu espetáculo a contextualização
histórico-social dos cantos de trabalho no Brasil. Sua apresentação
levará ao público um repertório de cantos de trabalho recolhidos da
tradição, diretamente em suas fontes, ou a partir de registros de
pesquisadores pioneiros como Mário de Andrade, Angélica Rezende e Ayres
da Mata Machado.
O
grupo interpreta vissungos, cantigas de ninar, canto de lavadeiras,
entre outros, em arranjos elaborados a partir de uma visão estética
contemporânea. O Ilumiara é formado por Alexandre Gloor, Carlinhos
Ferreira, Leandro César, Letícia Bertelli e Marcela Bertelli.
Quebradeiras de Coco Babaçu (MA)
O grupo é formado por oito mulheres que trabalham na quebra do coco babaçu desde a infância e hoje
também exercem papel de liderança na defesa e valorização do trabalho
das quebradeiras. A prática do canto durante a caminhada para os
babaçuais e a quebra do coco é uma experiência que trazem desde a
infância, quando acompanhavam mães e avós, na lida diária, época em que a
criança participava ativamente no trabalho da agricultura na zona rural
em diversas regiões do país. O repertório narrava fatos do cotidiano ou
aludiam ao universo infantil através de cantigas de roda.
Mas o repertório que prevalece hoje
está ligado à luta política. As músicas tratam de assuntos relacionados
à valorização do trabalho, da mulher e da luta pelo acesso aos
babaçuais que estão localizados em grandes latifúndios. São cânticos que
refletem uma postura crítica e questionadora diante das condições de
vida das trabalhadoras e suas famílias, que são entoados com voz firme e
marcados pelo ritmo das ferramentas usadas na quebra: o machado e o
porrete.
Sua
formação conta com a participação de representantes das seis regiões
onde a instituição possui representação. São elas: Dora, Moça e Silena,
de Lago do Junco (MA); Nice, de Penalva (MA); Dijé, de São Luís Gonzaga
(MA); Iracema, de São Domingos do Araguaia (PA); Francisca Lera, de
Esperantina (PI); e Nonata, de São Miguel (TO).
Cantadeiras do Sisal e Aboiadores de Valente (BA)
A
cidade de Valente está situada no nordeste da Bahia, a 240 quilômetros
de Salvador, na principal região produtora de sisal do país, planta que é
transformada, principalmente, em fibras e cordas, mas também em tapetes
e outros produtos. Na região também se concentram fazendas dedicadas à
agropecuária bovina e caprina, o que justifica a presença de aboiadores.
As
cantadeiras do sisal são mulheres que trabalharam por muito tempo nas
várias etapas de produção da fibra, desde o plantio até a fabricação dos
produtos derivados, e que hoje são artesãs.
Ailton
Aboiador e Ailton Jr., pai e filho, são aboiadores reconhecidos na
região. O pai trabalhou por muitos anos na lida com o gado,
transportando boiadas pelos campos do semiárido baiano. O aboio “pé
duro” foi sua ferramenta de trabalho e as toadas foram sua companhia das
horas de descanso no campo. O filho, desde criança acompanhava seu pai
na lida com o gado e já na adolescência formava dupla cantando aboios e
toadas.
O
repertório das cantadeiras é formado por cantigas conhecidas desde a
infância e outras de uma memória mais recente que tratam de questões
cotidianas e fazem alusão a particularidades da produção sisaleira. O
grupo é formado por Izabel, Alda, Ivamarcia, Carminha, Marisvalda e
Cássia.
Programação:
Abertura
Data: 4/8 (Terça-feira)
Destaladeiras de Fumo de Arapiraca e Mestre Nelson Rosa
Local: Espaço Recreativo e Cultural do Sesc Araxá
Hora: 19h
Data: 5/8(Quarta feira)
Quebradeiras de Coco Babaçu
Local: Auditório da Escola Sesc
Hora: 19h
Grupo Ilumiara
Local: Sesc Ler Amapá
Hora: 19h
Data: 6/8 (Quinta-feira)
Grupo Ilumiara
Local: Auditório da Escola Sesc
Hora: 19h
Quebradeiras de Coco Babaçu
Local: Sesc Ler Mazagão
Hora: 19h
Destaladeiras de Fumo de Arapiraca e Mestre Nelson Rosa
Local: Sesc Ler Laranjal do Jari
Hora: 19h
Data: 7/8 (Sexta-feira)
Cantadeiras do Sisal e Aboiadores de Valente
Local: Auditório da Escola Sesc
Hora: 19h
Serviço
Assessoria de Comunicação e Marketing
Email: ascom@sescamapa.com.br
Fone: (96)3241-4440 (Ramal 235) / (96)99134-0130
Site: www.sescamapa.com.br
Facebook: Sistema Fecomércio Amapá
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