3 de novembro de 2011

NOZOVIDO

*Coluna sobre música escrita por colaboradores ou quem tiver interesse em falar sobre o assunto


O tempo passa e já são 39 anos sem sucesso 

“Se você vai de xaxado eu vou de Rock and Roll”, foi o pontapé inicial de uma banda paulista que surgia em 1972, a banda Joelho de Porco, fundada por Tico Terpins, Gerson Tatini, Walter Baillot, Próspero Albanes, Conrado Assis Ruiz e Rodolfo Ayres Braga (primeira formação) 
Foi uma das primeiras bandas a fazer um rock com uma pitada de humor no Brasil. Enquanto todos abordavam a psicodelia, as letras de amor e paz, Joelho de Porco buscou a contramão de bandas da época, como Mutantes, Novos Baianos, Bacamarte, Secos e Molhados, Ave Sangria e outras. 

A grande Aracy de Almeida, conhecida como a “Dama da Central”, foi a madrinha da banda. A mulher deu a força que a banda precisava, isso explica o fato da banda levar aos palcos as roupas e as atitudes punk para o rock and roll brasileiro, já que no Brasil, Aracy foi uma das pessoas que ajudaram a desenvolver o movimento punk que surgia na década de 1970. 

Apesar de muitos classificarem a Joelho de Porco como uma banda punk-rock-humor, particularmente discordo disso, principalmente com o gênero punk. Não dá para classificar uma banda versátil como ela foi. Suas canções abordaram diversas épocas, e foram mudando de acordo com as diferentes formações da banda. 

Lançaram 5 álbuns, que são: 

- Se você vai de xaxado eu vou de rock and roll (1973), - São Paulo 1554/Hoje (1974) - Joelho de Porco, (1978), - Saqueando a Cidade, (1983), - 18 Anos Sem Sucesso, (1988) 

Bem, a intenção desse texto não foi apenas apresentar a banda Joelho de Porco para aqueles que não conhecem. A intenção maior foi abordar um assunto que passa por nossos olhos, ouvidos e nossos relógios. O tema maior de tudo isso aqui é: o tempo. 

O tempo passa pelos nossos olhos e não percebemos que tudo muda ao nosso redor, as pessoas mudam e a gente muda, o tempo passa pelos nossos ouvidos e os barulhos que a gente costumava escutar já não existem mais. O telefone já não toca como antigamente, os hits já não são os mesmos do verão passado e nem a tendência musical é a mesma. Mas principalmente, são em nossos relógios, que sente mais o tempo, e é sobre ele que mais vale a pena discutir agora. 

O tempo nos rouba e nos dá coisas boas e más na vida, eu ainda, por exemplo, tenho muito mais a receber do que perder do tempo. O pouco que já perdi é um fardo que sinto pesar, e como pode pesar se estou perdendo e não ganhando algo? É uma subtração meio confusa. 

Joelho de Porco
Joelho de Porco não é nenhuma banda que marcou história nacionalmente.  O esquecimento é grande, e vivo batendo nesta tecla, por nos esquecermos do passado e ficarmos buscando coisas novas. Sim, sim, não fui eu que esqueci, até por que não vivi essa época, mas agradeço sempre pela existência da internet que proporciona as minhas buscas de um tempo que eu sou apaixonado. 

Alguém aqui largaria tudo que tem hoje para viver 39 anos de sua vida sem sucesso, sem prestigio, e quase desconhecidos como tantas outras bandas? Pegaria o seu tempo precioso e entregaria a uma causa? Em uma aventura? Em um sonho? 

Ao meu redor vejo muitas vidas já sendo definidas, pessoas tendo filhos e se conformando com a aventura de ter uma família, o sucesso de cuidar e de conquistar patrimônios. E os velhos sonhos? De ser um artista, de ser músico, de ser atleta, ser um herói, de ser presidente? Esses, o tempo leva as chances, leva as perspectivas, mas nunca pode levar a vontade e o desejo forte de ser aquilo que sempre sonhou ser. O tempo é a maior “doença” que nosso relógio pode ter, e para isso não tem remédio. Mas tem a conformação, tem as lembranças, risos e uma música: 

Rock do Relógio – Joelho de Porco 

Noutra volta do relógio
Quando já tiver passado bastante tempo
Nós vamos nos encontrar
E vamos nos divertir à bessa
Rindo de tudo isso
Que a gente vive agora
O relógio nunca para
E por certo vai por rugas na nossa cara
Como pôs na dos nossos pais
E nós vamos nos divertir à bessa
Rindo de tudo isso (...)


Felipe Façanha - colaborador

Um comentário:

MUNDO-SYD disse...

a rotina da vida acaba com tudo , otima banda joelho de porco