3 de dezembro de 2013

Penúltimo Dia de Shows do Festival Quebramar 2013

A imaginação é uma ótima forma de fugirmos
da nossa estupidez.
Não, dessa vez não vou começar falando sobre algo que aconteceu em algum dia 30 de novembro por aí. Só pra não ficar chato mesmo. Mas aí vem um problema: do que começar a falar? Pelo menos, nada terá menos sentido que as introduções das últimas duas resenhas. Nem mesmo se eu falar da estupidez humana. Quer dizer, esse assunto até que tem uma relação muito grande com a terceira noite de shows do Festival Quebramar. O Rap e o Hip-hop foram as maiores atrações da noite, e esse é um assunto bem presente em suas letras.

A única coisa que eu costumo escutar de tais gêneros é Gabriel, O Pensador, e pra falar a verdade eu só sei a diferença entre os dois por ter acabado de pesquisar aqui no google. E as fontes não são das mais confiáveis. Pelo que entendi, Hip-hop é um movimento que inclui várias artes, como o Break, o Graffiti e o Rap – alguém me corrige se eu estiver errado. Por isso, talvez essa resenha seja a mais superficial de todas em relação às bandas. Mas de forma alguma é irreal ou fantasiosa, e ressaltam a minha humilde e, principalmente, desinteressante opinião de forma crítica (eu acho) e verdadeira.

Nata VL e Relatos de Rua
Quando cheguei no anfiteatro da Fortaleza, tava rolando Nata VL. Teve participação do grupo Relatos de Rua, e infelizmente foi a única parte que assisti da apresentação, por tanto só vou falar dela, perdão Nata VL. O grupo é encabeçado pelo Jomar e pela Cleide e suas letras agressivas e cheias de rimas retratam a realidade vivida pelas classes mais desfavorecidas, ressaltando sempre a desigualdade social e discriminação. Mas ao mesmo tempo, também fala das vitórias obtidas por essas mesmas pessoas. Obviamente é muito mais difícil ser pobre, mas quando um pobre alcança seus objetivos, amigos, o louvor da conquista é muito maior. E isso, o grupo consegue demonstrar em suas letras.

A Cleide, na maioria das músicas, canta os refrãos. Sua voz cheia de melodia discrepa totalmente da agressividade da voz do Jomar. E, ao meu ver, é justamente isso que torna as músicas mais bonitas e harmoniosas. Até quem não costuma ouvir rap, como eu, gostou da apresentação do grupo. É um abrir de olhos pra qualquer pessoa!

Depois veio a grande atração da noite, Emicida. Mas não se alegrem, esta tortura, gentilmente chamada de resenha, não está chegando ao fim! Por algum motivo a apresentação dele subiu no line-up, não vi nenhuma informação a respeito do motivo.

Emicida
Leandro Roque de Oliveira – o Emicida – veio de baixo, de uma família humilde que organizava eventos de hip-hop na periferia de São Paulo. Cresceu através de batalhas de improviso entre MC’s. Daí uma das origens de seu nome artístico, uma junção entre MC, sigla designada aos rappers, e a palavra “homicida”. Os leitores do Eu Sou do Norte são inteligentes e já entenderam o que ele quis dizer com isso, então acredito que eu nem precise explicar.

A outra origem, que o Emicida deu depois de um certo sucesso, é uma sigla para a frase Enquanto Minha Imaginação Compor Insanidades, Domino a Arte. Muito mais interessante e inteligente.

O “Emicida”, na verdade, não é apenas o Emicida. É um grupo composto pelo Leandro, um DJ, um percussionista, um baixista, um guitarrista que assume a percussão às vezes, e uma guitarrista. A guitarrista é a charmosa Mônica Agena, que já passou pelo Natiruts, fez uns trabalhos com a Fernanda Takai e possui uma banda chamada Moxine. Todos também fazem backing vocal.

E, diga-se de passagem, no meio disso tudo o que menos se destaca é o rapper. O mais legal de suas músicas é justamente a gama de efeitos, riffs, percussão e vocais de apoio que aparecem em todas elas! E a primeira música que tocaram, Bang, é um excelente exemplo disso. Sem falar do charme da Mônica Agena – moças, desconfiem do homem que não se apaixonou por aquela guitarrista. O destaque do rapper no grupo é justamente a capacidade de compor as letras, que bem... não é em toda música que ele acerta uma boa.

Engraçado que, mesmo eu que não conheço muito rap, consegui notar uma diferença gigantesca entre o Emicida e o grupo Relatos de Rua. O primeiro agrada mais pela variedade de efeitos nas suas músicas. O segundo, pelas letras críticas e impactantes.

Bruno B.O.
Emicida deu lugar ao MC Bruno B.O. Achei mais parecido com o grupo Relatos de Rua do que com o Emicida, apesar de ele usar alguns efeitos da música eletrônica com mais frequência. O cara veio lá da terra onde tem hora certa pra chover: Belém, e tem uma carreira bem antiga, são 20 anos de chão retratando Brasil afora retratando sua visão do que é viver na periferia, retratando um pouco de como a espiritualidade fortalece a pessoa.

O Bruno B.O. usa umas misturas diferentes dentro do Rap, coloca uns Raggas e em algumas músicas até mesmo uns ritmos de Tecnobrega. Não há do que se espantar. Isso é bem comum pra alguns músicos do Pará. E ficou bem casado, até estava ouvindo aqui uma música que ele fez com a Gaby Amarantos, do EP Floresta de Concreto.

Depois do Bruno B.O. veio o MC...não. Não veio nenhum MC. A última atração da noite foi uma banda lááááá do ABC paulista: Ação Direta. Os caras já agradaram de cara, já que o vocalista (Gepeto) entrou com a camisa da banda amapaense Visceral Slaughter. Mas pareceu que isso não era suficiente pra uma banda que demorou onze horas pra chegar aqui. Eles queriam agradar pelo som que tiram, e fizeram com maestria. Mas isso era meio óbvio, não é à toa que Ação Direta é considerada uma das maiores bandas do Hardcore Nacional.

Ação Direta
São 25 anos de chão, com diferentes formações, muitos shows no exterior, oito discos próprios e um monte de prêmios pra orgulhar qualquer avó. Além do Gepeto, completam a banda o Pancho, com seus riffs precisos e rápidos; o Marcão, com uma agressividade surpreendente na bateria; e o Galo, com habilidade e agilidade surreal no baixo. Muitos amigos foram neste dia apenas pra ver esta banda. Nenhum deles se arrependeu. Nem eu.

Agora sim, Ação Direta foi a última banda e esta tortura em forma de palavras está chegando ao fim. Espero que não tenham odiado tanto assim e peço desculpas pela demora na postagem desta resenha e da resenha do último dia do Festival, que sairá ainda hoje!!!

Então, até daqui a pouco!

Abraço

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