23 de setembro de 2011

Blues no botequim

Esta resenha está com alguns dias de atraso, desculpem. Mas ainda vale considerar por causa do evento que rolou na última terça-feira (20), o tradicional projeto Botequim do Sesc, com a banda Beatle George e como convidado especial, o vocalista da banda Blues UP!, Ricardo Pereira. 

Foto: Graciliano Galdino
Honestamente não fui com muitas expectativas, pois já conheço o som da banda Beatle George, mas ainda não conhecia a voz de Ricardo Pereira nem do novo vocalista da banda. Lugar este, ocupado anteriormente por Eduardo Gomes. Atualmente a banda é composta por Ronilson Mendes (guitarra)André Felipe (bateria), Alecsandro Cantuária (baixo), Richard (guitarra) Ivan Ibarra (gaita) e o novo vocalista Alex Leronn. 

Depois de um pequeno atraso como de costume, a banda entrou no modesto palco do Sesc Centro, que para falar a verdade é o ideal. Nem longe nem perto do público, estávamos todos ali no mesmo ambiente. Com músicas que particularmente não gosto, o novo vocal mostrou que tem afinação, vontade de cantar, mas a impressão que tive é que ele ainda está tímido. Tímido para se soltar no palco, tímido para soltar a voz e tímido para interagir com a banda e com as pessoas que estão ali para ouvi-los e observa-los. O que é perfeitamente normal, mas, senti falta do vocal rasgado, daquele "desleixo" do antigo vocalista, que tinha um "Q" de blues, meio despretensioso, até porque o próprio ritmo já carrega consigo o ar melancólico e sofrível. Mas isso não vem ao caso, o que "matava" o antigo vocalista era o excesso e creio que, para o caminho que a banda tendencia, o excesso não iria funcionar.

Ok, voltemos ao show. Quando ouço o nome Beatle George, associo imediatamente ao ritmo blues, e quando escuto canções como as duas que apresentaram inicialmente, sinto uma estranheza auditiva. Enfim, não sinto a banda nessas canções (que fique claro que são impressões particulares neste texto). Em seguida, Ricardo Pereira se juntou à banda e aí, começou uma noite de blues no Botequim. Esse ritmo não é para qualquer ouvido, e eu admiro quem tem disposição e sensibilidade para curti-lo. 


Não gosto de blues, mas Ricardo Pereira  junto com a Beatle George, me fizeram mudar de ideia por quase 1 hora inteira, com clássicos como "Hoochie Coochie Man", de Muddy Waters, Blues Man- versão de BB King, entre outros que não recordo o nome. Mas a sintonia entre eles era grande e aí que entra a melhor parte da noite. 

Foto: Graciliano Galdino
A Beatle George merece, sem exagero, ser ouvida e observada de perto, por simples e importantes detalhes: É uma banda que se apresenta bem ensaiada e cada integrante toca seu instrumento com vontade, quer dizer, não percebi tanto no baterista. Mas Ronilson, Alecssandro, Richard e Ivan, parecem amar cada nota tocada, cada solo, que romanticamente, chamamos de entrega musical. (Ronilson, sou tua fã!). Por falar em entrega musical, Alecssandro o metal está te esperando. Cada vez que vejo e ouço este baixista tocar, imagino ele numa banda de metal, é o cara que mais banguea nas apresentações. 

O show da noite pode não ter agradado `a todos, mas saí de lá  satisfeita por ouvir uma banda competente e que respeita seus ouvintes. Não tem situação pior do que você sair de casa para conferir um show onde a banda subestima quem está ali para ouvir músicas tocadas com qualidade. Montar uma banda, brincar de rock star é curtição, é fácil. Levar a música à sério é curtição e respeito, e isso, independente do gosto musical, a Beatle George tem. 


Camila Karina

Um comentário:

Graciliano Santos disse...

Então, os caras são muito bons. Mas essencialmente são músicos de blues tocando rock, do not fit. Tanto que algumas composições próprias (as primeiras tocadas) soam estranho aos ouvidos. A que um dos guitarristas canta, mesmo sendo mais melancólica, parece ser um caminho onde todos se entendem melhor. E isso ficou evidente quando botaram um cantor de blues e tocaram blues... nada contra inovações e etc, mas acho que primeiro precisa fazer o feijão com arroz bem feito pra depois experimentar outras coisas

É isso.