Esta resenha está com alguns dias de atraso, desculpem. Mas ainda vale considerar por causa do evento que rolou na última terça-feira (20), o tradicional projeto Botequim do Sesc, com a banda Beatle George e como convidado especial, o vocalista da banda Blues UP!, Ricardo Pereira.
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Foto: Graciliano Galdino |
Depois de um pequeno atraso como de costume, a banda entrou no modesto palco do Sesc Centro, que para falar a verdade é o ideal. Nem longe nem perto do público, estávamos todos ali no mesmo ambiente. Com músicas que particularmente não gosto, o novo vocal mostrou que tem afinação, vontade de cantar, mas a impressão que tive é que ele ainda está tímido. Tímido para se soltar no palco, tímido para soltar a voz e tímido para interagir com a banda e com as pessoas que estão ali para ouvi-los e observa-los. O que é perfeitamente normal, mas, senti falta do vocal rasgado, daquele "desleixo" do antigo vocalista, que tinha um "Q" de blues, meio despretensioso, até porque o próprio ritmo já carrega consigo o ar melancólico e sofrível. Mas isso não vem ao caso, o que "matava" o antigo vocalista era o excesso e creio que, para o caminho que a banda tendencia, o excesso não iria funcionar.
Ok, voltemos ao show. Quando ouço o nome Beatle George, associo imediatamente ao ritmo blues, e quando escuto canções como as duas que apresentaram inicialmente, sinto uma estranheza auditiva. Enfim, não sinto a banda nessas canções (que fique claro que são impressões particulares neste texto). Em seguida, Ricardo Pereira se juntou à banda e aí, começou uma noite de blues no Botequim. Esse ritmo não é para qualquer ouvido, e eu admiro quem tem disposição e sensibilidade para curti-lo.
Não gosto de blues, mas Ricardo Pereira junto com a Beatle George, me fizeram mudar de ideia por quase 1 hora inteira, com clássicos como "Hoochie Coochie Man", de Muddy Waters, Blues Man- versão de BB King, entre outros que não recordo o nome. Mas a sintonia entre eles era grande e aí que entra a melhor parte da noite.
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Foto: Graciliano Galdino |
O show da noite pode não ter agradado `a todos, mas saí de lá satisfeita por ouvir uma banda competente e que respeita seus ouvintes. Não tem situação pior do que você sair de casa para conferir um show onde a banda subestima quem está ali para ouvir músicas tocadas com qualidade. Montar uma banda, brincar de rock star é curtição, é fácil. Levar a música à sério é curtição e respeito, e isso, independente do gosto musical, a Beatle George tem.
Camila Karina
Um comentário:
Então, os caras são muito bons. Mas essencialmente são músicos de blues tocando rock, do not fit. Tanto que algumas composições próprias (as primeiras tocadas) soam estranho aos ouvidos. A que um dos guitarristas canta, mesmo sendo mais melancólica, parece ser um caminho onde todos se entendem melhor. E isso ficou evidente quando botaram um cantor de blues e tocaram blues... nada contra inovações e etc, mas acho que primeiro precisa fazer o feijão com arroz bem feito pra depois experimentar outras coisas
É isso.
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