7 de abril de 2012

Criativas Criaturas #4

Já dizia o velho guerreiro: “Quem não se comunica, se trumbica!”. É verdade, a capacidade de boa conversação sempre foi fundamental. Precisamos nos expressar claramente, precisamos entender o que nos cerca (pelo menos normalmente). É um pacto que move a sociedade. Contudo, de todas as formas de comunicação, vamos destacar aquela mais visual: o design gráfico.
A principal função de um profissional dessa área é transmitir corretamente uma determinada mensagem, usando fontes tipográficas, imagens, boa combinação de cores e outros mais. A coisa não deve ser intuitiva, até porque existe uma gama de estudos envolvidos no processo de percepção da leitura do simples folder distribuído, do cartaz anunciando um show, da embalagem de biscoitos, do site de compras, da revista de moda... Enfim, toda a disposição dos elementos visuais num determinado espaço deve ser bem planejada para que o receptor entenda nitidamente a intenção do emissor. E isso nem é tão fácil assim, acredite. Comunicação visual é assunto sério.  Um assunto que a excêntrica e futura designer Tami Martins, com seu jeitão pouco sério, já consegue dominar. 

Breve história


A mina tem 21 anos; cinco deles dedicados ao campo do design. Já trabalhou no Ministério Público do Estado, na Pauta Comunicação e Marketing e no Setor de Marketing dos Supermercados Santa Lúcia. Nesse meio tempo fez diversos freelas para algumas empresas e pessoas. Agora, no meio desse ano, se tornará Bacharel em Design Gráfico e de Produto.


Tami cria coisas desde pequena e as pessoas sempre gostavam - “apesar de olhar para os meus desenhos antigos eu não entender porque mentiam pra mim", enfatiza. Mas a jovem seguiu desenhando, inspirada no dia a dia, nos desenhos que assistia e nas pessoas que conhecia.
Durante a vida escolar, lá pelo ensino médio, teve seus primeiros contatos com Photoshop (programa de edição potente) para dar um up naqueles slides de palestras que era obrigada a apresentar. Os slides, claro, eram sempre o espetáculo da turma, geralmente porque eram muito engraçados (coisa inusitada para o pessoal que se enervava todo com exposições na escola). Depois passou a editar fotos, começou a pesquisar algumas técnicas de edição e tentou aplicá-las em suas fotos e na dos amigos. Quando terminou o colegial, apesar de todas essas influências, foi prestar vestibular para Medicina em Belém. Sim, Medicina. Acabou passando, mas resolveu fazer Design na UEPA.
 O resultado foi certo rebuliço familiar com frase maternais do tipo “Gastei tanto com a tua educação e agora tu vai virar costureira!” (?). No final de tudo, calculou os custos x benefícios, juntou com vontade de morar em Belém e... Decidiu permanecer por aqui fazendo o curso no CEAP (em uma das primeiras turmas do curso de Design). No primeiro ano de curso, estagiou e trabalhou. Tempo enriquecedor onde adquiriu conhecimentos e pôde colocá-los em prática.
Obviamente se interessa muito pela área de gráfico e web design também (programação em si é uma de suas paixões). Porém, o mais estranho na profissão, de acordo com ela, é trabalhar fazendo algo que ama para os meios que desgosta. “Já fiz trabalhos gráficos para diversos comerciais, mas em geral odeio e não assisto TV a uns três ou quatro anos; Já fiz sites, mas também não sou muito fã de internet - ou pelo menos discordo de como ela é usada pelas pessoas; Já fiz folders e etc, mas acho um saco receber eles na rua ou vê-los descartados ao descaso...”
É... A garota do cabelo colorido tem uma relação intensa com o design. Que tal conhecer alguns de seus trabalhos?
“Campanha para o ANIMARTE – Festival de Animação do CEAP. A criação do cartaz envolveu a criação da mascote do evento. O Festival de Animação ocorreu em 2010. A propósito eu concorri com uma animação e ganhei o 1º lugar pelo roteiro, sincronia, técnica e animação”.

“Sacolas Retornáveis para os Supermercados Santa Lúcia – O projeto na verdade abrangeu muito mais do que as sacolas, e foi criado um plano de marketing ecológico que englobou desde adesivos de conscientização até estratégias de campanhas ecológicas e criação da Identidade Visual do projeto. Esses são os dois modelos, dos quatro que produzi para a Empresa. São os modelos que foram confeccionados até agora e já estão à venda, a preço de custo em qualquer loja do grupo. Busquei, além de criar uma campanha ecológica em si, também unir ela a identidade única da cultura amapaense, que por vezes é também esquecida assim como os cuidados com o meio ambiente”.

“Campanha de Círio 2011 para os Supermercados Santa Lúcia – Fiz diversas campanhas para a Empresa, uma das que mais tiveram repercussão foi essa campanha em homenagem ao Círio de Nossa Senhora, que acontece no Estado do Amapá em Outubro. As campanhas em si consistem em logos para divulgação, adesivos de vidraça e banners promocionais, mas as campanhas de Círio da Empresa se destacam por produzirem camisetas, ventarolas, fitilhos e bonés promocionais, para venda a preço de custo, assim como para utilização dos funcionários no mês do evento. Ver seu trabalho em diversas mídias de saída, assim como sendo usado e apreciado por um grande numero de pessoas é sempre bom, e as campanhas de Círio que fiz sempre foi muito bem elogiado pelos clientes”.

Ainda temos a entrevista básica:
Auto- Tami?

“Me defino como uma pessoa gente fina. Haha. Mas na área, acho que poderia definir o meu estilo como amante das cores. É meio difícil de definir. Na verdade, quando se trabalha para diversas instituições ou para clientes específicos você acaba utilizando diversas referencias dependendo do job. Acho que sempre busquei mesclar aquilo que o cliente queria, com aquilo que ele realmente precisava e aplicar o meu estilo assim como boas referencias, de uma forma que o trabalho em si fosse satisfatório também para o público alvo”.
Cabeça ferve de ideias quando?
“Eu costumo ter muitas idéias quando, na verdade, tudo o que queria era dormir. Mas depois de um tempo trabalhando na área você percebe que não pode esperar inspiração, você tem que se inspirar com o trabalho em si. Gosto de escrever quando estou inspirada nas madrugadas, e já até comecei a escrever alguns livros (que nunca terminei), mas principalmente acho bom sempre ter alguma coisa pra riscar caso venha uma boa idéia na cabeça ou caso simplesmente queira me distrair”.
Aperta o olho quando?
“Que tipo de pergunta é essa? Haha. Bom, acho que quando vejo absurdos que são os ossos do oficio, tipo cliente enviando a logo em formato GIF, ou em arquivo do PowerPoint, ou quando tenho que usar o Corel Draw (que é um dos programas mais salientes de desobediência, principalmente quando o prazo é de dois minutos atrás, mas infelizmente é ainda o mais usado no Estado). Ah, também quando alguém diz “nossa, eu queria trabalhar assim o dia todo na frente do computador”, sendo que o cansaço mental e físico às vezes é tanto que você gostaria de passar o dia todo lavando pratos e ir o final do dia com a cabeça bem longe dos pratos pra casa. A gente acaba levando o trabalho com a gente. Quando não é no computador é na cabeça. E haja pensar naquilo, como melhorar, que cor seria melhor, etc.
Cara feia para?
“Plágio. Nunca tinha sentido tanta injustiça, raiva, tristeza, vontade de atirar em alguém, ao mesmo tempo, como quando fui plagiada”.
Info- bônus?
“Bom, eu me sinto muito técnica depois que li o que escrevi (e escrevo muito também), mas geralmente sou bem à vontade, e o fato de ser nova na verdade nunca atrapalhou na execução do meu trabalho, ou me ateve em qualquer entrevista de emprego, apesar de que o primeiro contato é um pouco assustador para quem solicita meus serviços, as pessoas não acreditam que eu sou eu, algo assim. O fato de ser meio estranha também não ajuda muito na associação da minha experiência com a minha pessoa, mas as pessoas logo se acostumam comigo e associam meu jeito de ser a criatividade que sempre empenho nos meus trabalhos. É meio difícil ser estranha e não consigo evitar que as criancinhas apontem pra mim na rua. Haha.
Gosto muito de desenhar antes de passar pra qualquer programa, gosto de visualizar as formas, mesmo que mais básicas. Adoro coelhos, só que os meus sempre morrem.
Ah, sim, adoro fotografia, apesar de quase nunca me ater a técnicas fotográficas, eu gosto mais da fotografia intuitiva e curto muito fazer pós-produção nelas. 3D é uma outra paixão que desenvolvi no final do curso, e pretendo fazer um upgrade nos meus conhecimentos nisso em algum curso fora do estado (porque não tenho a opção de fazer aqui). Amo ler, mais do que qualquer coisa no mundo, se pudesse passaria o dia inteiro lendo, já até me ofereci para trabalhar em uma livraria e receber como remuneração nada mais do que livros. Mas é um tipo de contrato que meio que não existe, então não deu certo.
No final das contas consegui fazer o que amava e ser bem remunerado por isso, o que foi de certa forma um alivio para minha mãe, que é professora e bem entende o que é fazer o que a gente ama e sofrer um bocado com isso nesse Brasil brasileiro.
Bom, eu fui selecionar entre os meus trabalhos algo para enviar para o blog e quase não consigo escolher, mas enviei estes. E a quem desejar conhecer mais dos meus projetos gráficos, fotografias, textos e divagações pessoais, eis-me aqui: www.about.me/tamimartins ”.

Elisama Jamilie